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Nihon Shuwa: A língua gestual do Japão
por porsinal     
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Sexta-feira, 30 de Setembro de 2016 às 17:57:18
Estima-se que a Língua Gestual Japonesa(JSL) seja usada por 95% de 320.000 pessoas surdas no Japão.

No Japão a língua gestual é chamada de Nihon Shuwa (日本手話), também conhecida pela sigla JSL (Japanese Sign Language). Antigamente outro termo bastante usado para a língua gestual era ‘Temane’ (てまね).

O Nihon Shuwa foi reconhecido oficialmente em 2011. Ela é um pouco diferente das línguas gestuais ocidentais, assemelhando-se mais à língua gestual usada em Taiwan e Coreia do Sul. Na Língua Gestual Japonesa, não se utilizam somente as mãos e os braços, mas também expressões faciais como um todo, incluindo os olhos, as sobrancelhas e a boca.

Atualmente há no Japão cerca de 107 escolas para surdos. A primeira escola foi aberta em Kyoto em 1878. Cerca de 80% dos surdos entendem o alfabeto datilológico e apesar do país oferecer uma boa acessibilidade aos surdos hoje em dia, a luta pelos seus direitos e pela inclusão na sociedade ocorreu de forma bastante lenta.

Até meados dos anos 1970, as pessoas surdas no Japão tinham poucos direitos legais e pouco reconhecimento social. Geralmente, eram classificados como deficientes mentais, incapazes de obter a carta de condução ou assinar contratos. Por falta de incentivo e infraestruturas, a maioria dessas pessoas tinham que se dedicar a trabalhos manuais ou à agricultura.

Em 1862, durante a era xogunato, alguns emissários foram enviados à Europa para aprender mais sobre a surdez. Eles visitaram algumas escolas para surdos e perceberam o quanto a língua gestual podia ajudar essas pessoas. 16 anos mais tarde, Yozo Yamao, um dos emissários, ajudou a construir algumas das primeiras escolas japonesas para surdos.

Um dos primeiros professores para surdos foi Tashiro Furukawa. Ele ensinava as crianças usando yubimoji (指文字), uma língua gestual que normalmente utilizava dois dedos das duas mãos ao mesmo tempo. Com este método, as pessoas surdas conseguiam comunicar, além de aprender a pronunciar palavras, ler e escrever em japonês.

Em 2015, Tashiro Furukawa foi homenageado pelo Google Doodle pelo seu 170° Aniversário. Ele ajudou a desenvolver a Língua Gestual Yubimoji.

Podemos dizer que o Yubimoji foi a primeira língua gestual japonesa, precursora da língua usada atualmente. Depois de Kyoto, Yozo ajudou também a fundar outra escola em 1871, a Tokyo Takuzenkai Kunmouin (東京楽養会訓盲院). A partir de então, na Era Meiji, mais e mais escolas privadas para cegos e surdos foram surgindo em outras partes do Japão.

Na Era Taisho, as escolas para cegos e surdos foram separadas e as escolas para surdos pararam de ensinar a língua gestual e passaram a ensinar leitura labial conhecida como kouwa (口話). Após a Segunda Guerra Mundial, iniciou-se no Japão a escolaridade obrigatória e com isso a educação voltada aos surdis melhorou.

As escolas começaram a implementar métodos distintos de acordo com o grau de surdez. Assim, as pessoas poderiam receber atendimento de acordo com suas necessidades especiais. Claro que nada disso aconteceu de um dia para outro. Foram décadas de ativismo para que estas pessoas pudessem finalmente estar integradas à sociedade.

Comunidade Surda: Lutando por seus direitos

Até 1948, as crianças surdas não eram obrigados a frequentar a escola para receber uma educação formal. No final de 1940, foi criada a Federação Japonesa de Surdos (JFD) com o intuito de unir as pessoas com deficiência auditiva e promover um senso de comunidade. Em 1980, foi criada a DPRO, uma organização que argumenta que os surdos fazem parte de uma cultura diferente por usarem uma língua distinta do resto da população.

Existe uma tensão entre JFD e DPRO. Uma das maiores batalhas travadas entre elas é sobre a definição da língua gestual japonesa. O DPRO insiste que não há uma forma pura de JSL e que é uma língua completamente diferente do japonês falado. Ainda enfatizam que os surdos tem sua própria cultura, pertencendo à cultura surda em primeiro lugar.

Já o JFD, defende que o JSL (Língua Gestual Japonesa) é uma outra forma do japonês falado (e isso fez com que o JSL pudesse ser ensinado nas escolas públicas). Durante uma discussão particular entre os dois grupos, um membro da JFD chamou o DPRO de “fascistas” por estarem a incentivar a segregação, tal como acontece com outros grupos minoritários do país.

Mas o JSL tem duas defensoras de peso que fazem parte da família imperial. A Princesa Akishino estudou JSL e tornou-se uma intérprete fluente na língua gestual. Todos os anos, ela participa de reuniões e conferências relacionadas à comunidade surda no Japão, além de apoiar ações que incentivam a independência das pessoas com deficiência.

A princesa aprendeu a língua gestual na Indonésia com o objetivo de conseguir comunicar com essas pessoas nas suas habituais visitas às escolas de surdos. E a sua filha, a princesa Kako também está a estudar a língua gestual.

Muitas escolas para surdos foram fechadas ao longo dos anos. Atualmente como forma de inclusão, essas pessoas frequentam escolas regulares onde tem salas especiais com professores aptos a ensinar através do Nihon Shuwa.

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